terça-feira, 23 de abril de 2013


Entre rezas e oferendas, artistas ilustres celebram “santo do sambistas”
São Jorge realiza o 'milagre' de se dividir em duas crenças. Para teólogo da PUC-Rio, feriado é o único inter-religioso no país.

Trio Botafoguense Zeca Pagodinho, Regina Cazé e Hélio de La Peña Foto:G1
Equilibrado entre catolicismo e candomblé, sambista que se preze ignora as contradições entre as duas religiões para comemorar o feriado de São Jorge, no Rio de Janeiro, neste 23 de abril. O santo, que virou representação do orixá Ogum quando a Coroa Real proibiu a adoração de deuses das religiões afrodescendentes, "sambou" para atravessar seis séculos e se tornar exemplo de tolerância religiosa num calendário laico, mas que só dá folga em homenagem aos representantes da Igreja.


"É o único feriado inter-religioso, porque todos os outros são ortodoxos sobre o catolicismo. Como umbandistas e espíritas o consideram o deus Ogum, São Jorge acaba tendo uma aceitação maior, não só dentro do catolicismo. Ele representa a metáfora do combate ao mal, representado pelo dragão", explica o coodenador de Teologia à Distância da PUC-Rio, Frei Isidoro Mazzarollo.



No mundo do samba, o culto ao santo dá uma das mais claras demostrações deste sincretismo — isto é, da mistura entre concepções religiosas.



"Se eu falar que sou somente católico, é mentira. Se falar que sou só umbanda, é mentira. Na verdade, eu acredito em Deus. E se tem um lugar que vou direto é à Igreja de São Jorge, por causa da devoção que tenho pelo santo guerreiro. Minha devoção a ele está acima das duas religiões, embora a devoção a Deus seja muito maior", explica Dudu Nobre.









Entre crentes que rezam ou espalham oferendas pela cidade, a data acabou ganhando uma conotação ainda mais especial para Zeca Pagodinho. "São Jorge é o santo dos sambistas. É a minha cultura, eu vim disso aí", explicou em entrevista no lançamento de seu novo DVD, há uma semana.


Dentre os devotos ilustres, a lista no mundo do samba se estende de Jorge Ben Jor a Arlindo Cruz, passando por Beth Carvalho e músicos da MPB como Jorge Vercilo. No teatro, a expressão maior talvez se encontre na peça "Salve, Jorge", do ator e diretor Jorge Fernando. No início do espetáculo, uma imagem de três metros do santo é exibida e, no final, a oração a São Jorge encerra a obra.

"Eu nasci num berço de espiritualidade, sobre a proteção de Ogum. Em todo aniversário dos meus 7 primeiros anos de vida, ia à igreja. Depois dos 14 voltei a frequentar para pedir proteção. Para usar minhas palavras como arma e me guiar nos caminhos. Só quem é devoto entende", diz o artista.


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